quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Universitários brasileiros têm visão preconceituosa da Aids

Já faz quase três décadas que o vírus HIV foi descoberto, mas mesmo parcelas instruídas da sociedade brasileira ainda preservam idéias equivocadas sobre a Aids e pessoas soropositivas. Uma pesquisa feita com 503 estudantes universitários revela: 15% acreditam que crianças soropositivas não deveriam freqüentar a escola. E, quando perguntados se um patrão deve demitir uma pessoa que tem o vírus para proteger seus colegas de trabalho, 22% indicaram que sim. É importante lembrar que o convívio social com pessoas soropositivas não coloca ninguém em risco de se infectar pelo HIV e o direito à educação e ao trabalho devem ser assegurados. Os percentuais parecem baixos, mas o fato de os participantes serem universitários indica que algumas questões acerca da Aids deveriam ser mais difundidas, alerta Tânia Renata Alves Ribeiro. Ela é autora da pesquisa “Opiniões e preconceitos em relação a pessoas HIV+ entre jovens universitários”, feita sob a orientação da professora Eliane Maria Fleury Seidl, do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de Brasília (UnB). O estudo foi realizado dentro do Projeto Afroatitude. O levantamento contou com a participação de estudantes de uma instituição de ensino superior de Brasília (DF), e mostra que os universitários parecem conservar os mesmos preconceitos que o restante da população em relação à Aids.
O estudo é parte de uma pesquisa maior sobre representações sociais e práticas preventivas às DST/Aids em jovens universitários. A falta de informação pode levar a uma conduta preconceituosa, afirma a professora Eliane Seidl. A situação torna-se ainda mais preocupante em outros dois pontos da pesquisa. Diante da frase "mulheres portadoras do HIV deveriam evitar filhos", 30% dos universitários concordaram com essa afirmativa.
Segundo o Ministério da Saúde, o risco de transmissão do vírus HIV da mulher gestante para o bebê é da ordem de 1%, nos casos em que medidas preventivas da transmissão vertical do vírus são adotadas. Se a mulher tem acesso e segue o protocolo com as ações preventivas recomendadas, a chance do vírus ser transmitido é muito baixa.
Dos entrevistados, 39% acham que o portador do vírus é responsável por sua condição de saúde. A atribuição de culpa pela infecção do HIV valoriza aspectos pessoais e desconsidera questões socioeconômicas, por exemplo, que também influenciam na vulnerabilidade à infecção pelo vírus da Aids. Muitas pessoas não têm acesso à informação sobre sexo seguro e, quando têm, muitas vezes falta dinheiro para se proteger.
Fonte: Jornal do Brasil

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